O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez declarações sobre a suposta presença de soldados chineses operando o Canal do Panamá, uma afirmação que foi prontamente refutada por autoridades panamenhas e chinesas. O Canal, que é de controle panamenho desde 1999, é uma via estratégica para o comércio global e, embora a China não exerça controle militar sobre ele, suas empresas têm uma participação crescente na região. A China é atualmente o segundo maior usuário do Canal, com 21,4% do volume de carga, e também realiza investimentos significativos em portos e infraestrutura adjacente, como no caso dos portos de Balboa e Cristóbal, operados por uma subsidiária de um conglomerado chinês.
A crescente presença econômica da China no Panamá tem gerado preocupações nos Estados Unidos, especialmente no contexto da competição geopolítica entre as duas potências. Além de portos, a China tem investido em projetos como a construção de uma linha ferroviária e um terminal de cruzeiros, além de expandir sua diplomacia na região, com o Panamá se tornando um parceiro estratégico desde a ruptura de relações com Taiwan em 2017. A iniciativa chinesa Cinturão e Rota também tem ampliado as ligações entre os dois países, com a adesão do Panamá a esse projeto global de infraestrutura.
Embora as declarações de Trump sobre o canal tenham gerado perplexidade entre os panamenhos, o foco da discussão gira em torno da influência crescente da China na América Latina, uma área tradicionalmente vista pelos Estados Unidos como seu “quintal”. O governo panamenho e membros da comunidade local têm negado qualquer envolvimento militar chinês, destacando que a presença do país é puramente comercial e diplomática. A situação reflete as tensões econômicas e estratégicas que estão se intensificando na região, enquanto a China fortalece suas relações com países da América Latina.