O Nheengatu, também conhecido como “língua boa”, é um idioma de grande importância histórica e cultural para os povos indígenas da Amazônia, especialmente no Alto Rio Negro. Derivado do Tupi, o Nheengatu se consolidou como língua franca a partir do século XVII, sendo crucial para a comunicação entre diversas etnias indígenas e colonizadores portugueses. Hoje, a língua ainda é falada por aproximadamente 8 mil pessoas, embora sua preservação enfrente desafios, principalmente devido ao crescente uso do português e à globalização. A revitalização do Nheengatu, impulsionada por iniciativas acadêmicas e comunitárias, busca garantir que a língua e suas práticas culturais associadas, como as tradições artesanais, sejam mantidas vivas pelas novas gerações.
O trabalho de linguistas e líderes indígenas tem sido essencial para documentar e revitalizar o Nheengatu. Aline da Cruz, professora dedicada à preservação do idioma, realizou uma pesquisa intensiva no Alto Rio Negro para entender como o Nheengatu é falado nas comunidades atuais, contribuindo para a criação de uma gramática e recursos pedagógicos. Em paralelo, líderes como Ana Cláudia Marques Tomás e Melvino Fontes Olímpico também estão envolvidos em movimentos de resgate linguístico, enfatizando a importância da língua para a identidade cultural indígena. Ambos destacam que, sem a preservação da língua, as culturas indígenas podem perder suas raízes e valores fundamentais.
Além da pesquisa acadêmica, iniciativas como a alfabetização em Nheengatu e o ensino da língua em escolas indígenas têm sido fundamentais para o fortalecimento da identidade cultural. No entanto, a falta de recursos didáticos adequados e o impacto da urbanização continuam a representar desafios significativos. A integração do Nheengatu no currículo escolar indígena e o apoio a projetos de preservação cultural são vistos como caminhos essenciais para garantir a continuidade desse patrimônio linguístico e cultural. A luta pela educação e pela preservação das línguas indígenas é, portanto, também uma luta pela resistência contra a homogeneização cultural e pela afirmação das identidades tradicionais.