A falta de ofertas públicas iniciais (IPOs) no Brasil nos últimos três anos sinaliza um problema maior na economia do país. A ausência dessas operações reflete um clima de incerteza, que vai além dos aspectos financeiros e está diretamente ligado à falta de confiança no futuro econômico. IPOs são instrumentos essenciais para o crescimento das empresas, gerando empregos e inovação, e sua escassez tem enfraquecido o ecossistema econômico nacional, afastando investidores e comprometendo o acesso ao crescimento.
O cenário atual é o mais crítico em quase três décadas, com a última grande onda de IPOs ocorrendo em 2021. Desde então, o número de empresas listadas na Bolsa caiu significativamente, refletindo um afastamento das empresas do mercado de capitais. Fatores como a complexa carga tributária e a insegurança jurídica desestimulam a abertura de capital no Brasil, enquanto a volatilidade econômica e política aumenta a cautela de investidores, criando um ciclo negativo difícil de romper. Esse quadro é agravado pela falta de políticas públicas claras para o incentivo ao mercado de capitais.
Enquanto isso, outros países emergentes, como Angola, estão conseguindo atrair novas empresas para suas bolsas, o que ressalta ainda mais a desconexão do Brasil com o movimento global de IPOs. Em contraste com a situação local, mercados como os dos Estados Unidos e da Ásia continuam registrando altos números de IPOs, reforçando a tendência de crescimento global. Para o Brasil retomar a confiança no mercado de capitais e acelerar o desenvolvimento de seu ecossistema econômico, será necessário um ambiente regulatório mais favorável e um compromisso com a simplificação das regras para a abertura de capital.