Em São Paulo, a empresa Tools for Humanity tem implementado um projeto que realiza o escaneamento da íris das pessoas para gerar uma “prova de humanidade”, utilizando dados biométricos para garantir que o usuário é humano e não uma inteligência artificial. O processo, que envolve a captura da íris e a realização de uma selfie, promete pagar em criptomoedas, como o Worldcoin, o que atraiu muitas pessoas, especialmente em situação de vulnerabilidade econômica. Embora o procedimento pareça simples, com a promessa de pagamento imediato, especialistas alertam sobre os riscos à privacidade e à segurança dos dados pessoais, dado que a íris é um dado único e sensível.
A coleta de dados biométricos levanta questões sobre o consentimento dos participantes e a real necessidade da coleta dessas informações. Muitos dos envolvidos relatam não compreender totalmente o propósito da coleta ou as implicações de fornecer dados tão pessoais. Embora a empresa afirme que as imagens da íris são criptografadas e anonimizadas, especialistas em proteção de dados, como Nathan Paschoalini, destacam os riscos de vazamento e a possibilidade de abusos no uso desses dados. Além disso, o pagamento recebido pelos participantes pode ser interpretado como um incentivo para obter consentimento, o que geraria preocupações quanto à exploração de populações vulneráveis.
O projeto, que conta com a supervisão da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), está sendo investigado para garantir que esteja em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A ANPD solicitou esclarecimentos à Tools for Humanity sobre a transparência no tratamento dos dados e os processos de anonimização, visando proteger os direitos dos indivíduos envolvidos. Apesar das declarações de que a coleta de dados será utilizada para fins de segurança e privacidade digital, o caso segue sendo uma pauta relevante sobre os limites da tecnologia no ambiente digital e os direitos de proteção de dados pessoais.