O professor de direito internacional Salem Nasser, especialista em Oriente Médio, avalia que a promessa de cessar-fogo em Gaza, marcada para o próximo domingo (19), não deve impactar as ambições de Israel em relação à expansão de assentamentos na Cisjordânia, território palestino ocupado. De acordo com Nasser, o acordo foi uma exigência da administração dos EUA, mas pode servir apenas como uma medida temporária, já que o projeto de Grande Israel, que defende a ocupação de vastas áreas no Oriente Médio, continua a ser uma prioridade, especialmente para os colonos e partidos de extrema direita no governo israelense.
Nasser destaca que a proposta de Grande Israel, que remonta ao movimento sionista, prevê a expansão territorial de Israel desde o Rio Nilo até o Rio Eufrates, abrangendo partes de países vizinhos, como o Egito e a Jordânia. Apesar de a ideia não ser defendida oficialmente por Tel Aviv, correntes políticas no país, incluindo grupos de colonos e partidos de extrema-direita, continuam a apoiar sua implementação. Nasser observa que, mesmo com o possível cessar-fogo, as ambições de colonização da Cisjordânia podem ser intensificadas como uma compensação por qualquer recuo temporário em Gaza.
Por fim, o especialista questiona a viabilidade da solução de dois Estados, defendida por alguns líderes internacionais, como o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Segundo Nasser, a ideia já foi efetivamente descartada por Israel, que continua a investir em sua agenda expansionista. Ele também destaca o papel dos países árabes, que, embora possam ser atraídos por acordos de normalização com Israel, exigem avanços em relação à questão palestina como condição para sua cooperação no pós-conflito. Nasser conclui que, independentemente dos acordos, os palestinos seguirão sua luta por seus direitos, reafirmando que a questão não está resolvida.