O ano de 2024 foi registrado como o mais quente da história, com um aumento de 1,5ºC nas temperaturas médias globais em comparação aos níveis pré-industriais, superando o limite considerado seguro para a estabilidade climática do planeta. Este marco foi atingido de forma antecipada, contrariando previsões que indicavam esse aumento para o período entre 2033 e 2035. Especialistas apontam que o fenômeno tem gerado eventos climáticos extremos, como chuvas intensas, incêndios e secas, que já impactam diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil.
O climatologista Carlos Nobre alerta que, se as temperaturas continuarem a subir, será possível confirmar que o limite de 1,5°C foi ultrapassado, o que exigirá ações imediatas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Ele destaca a urgência de reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, uma década antes do prazo estabelecido no Acordo de Paris, que prevê essas reduções até 2050. Além disso, Nobre ressalta a necessidade de uma ação global coordenada para enfrentar o que considera ser o maior desafio da humanidade.
No contexto brasileiro, Nobre vê o país como um potencial líder na transição para uma economia de baixo carbono, dado que suas emissões estão mais ligadas ao uso da terra, como o desmatamento e a agropecuária, do que à queima de combustíveis fósseis. Ele acredita que o Brasil tem condições de ser o primeiro grande emissor a alcançar a neutralidade de carbono antes de 2050, principalmente se cumprir suas metas de zerar o desmatamento até 2030 e adotar uma transição energética mais rápida.