A violência política nas eleições municipais de 2024 atingiu níveis alarmantes, com 714 casos registrados entre novembro de 2022 e outubro de 2024, o maior número desde o início da série histórica em 2016. Esse crescimento é atribuído à impunidade e à falta de respostas adequadas do Estado. A pesquisa realizada pelas organizações Justiça Global e Terra de Direitos mostra que os períodos eleitorais municipais têm se tornado cada vez mais violentos, com um aumento de 344 casos em comparação com as eleições de 2020, o que representa uma multiplicação de 2,6 vezes. A análise também aponta que a violência política tem afetado especialmente as mulheres, que representam 38,4% dos casos, além de destacar o aumento dos ataques virtuais, que são predominantemente direcionados a elas.
As mulheres candidatas, incluindo aquelas cisgêneras e transexuais, têm sido alvo de ameaças, ofensas e ataques, com destaque para as agressões online, que representam cerca de 40% dos casos. A falta de uma regulação eficaz das plataformas digitais tem facilitado a propagação dessas violências, dificultando a identificação e punição dos agressores. De acordo com as pesquisadoras, as ameaças, muitas vezes associadas a dados pessoais das vítimas, ocorrem predominantemente nas redes sociais e e-mails, uma realidade que expõe a fragilidade do sistema de justiça em lidar com esses crimes no ambiente digital.
O aumento da violência política também é refletido em outros dados preocupantes: em 2024, quase duas pessoas foram vítimas de violência política por dia. Com 27 assassinatos e 129 atentados, as ameaças se destacam como o tipo de violência mais comum, representando quase 40% das ocorrências. Para enfrentar esse cenário, especialistas defendem a implementação de políticas públicas mais eficazes, como campanhas de conscientização contra discurso de ódio, e uma atuação mais célere do sistema judicial. Além disso, é necessária uma articulação entre sociedade civil, instituições democráticas e partidos políticos para conter o avanço da violência e fortalecer a democracia no Brasil.