Os dados sobre violência no campo divulgados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram uma redução no número de ocorrências no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023. Foram registrados 1.056 conflitos no campo, um recuo em relação aos 1.127 casos do ano passado, que representaram o pior resultado desde 2015. Embora a diminuição tenha sido notada, a CPT destaca que a violência no campo continua com altos índices, especialmente em relação aos conflitos por terra e água, com a quantidade de vítimas, ameaças e a contaminação por agrotóxicos crescendo significativamente.
Entre as ocorrências, 872 envolveram disputas por terras e 125 por água, sendo que a violência ligada ao uso de agrotóxicos teve um aumento alarmante, saltando de 19 para 182 casos. Os números de violência contra a pessoa também apresentaram uma queda, com o total de vítimas reduzido de 840 para 417. Contudo, a CPT ressalta que as comunidades afetadas pela crise climática e os incêndios criminosos enfrentam consequências que ainda não são totalmente contabilizadas, ampliando a complexidade da situação.
Apesar da redução no número de assassinatos, que caiu de 16 para 6, a violência permanece um problema grave, com 11 homicídios confirmados até novembro e vários outros em investigação. A CPT ainda apontou que os grupos mais afetados pelos conflitos são os posseiros, quilombolas e indígenas, enquanto fazendeiros, empresários e órgãos públicos foram citados como os principais responsáveis pelos episódios de violência. As questões ambientais, como a preservação de recursos hídricos e a destruição de territórios, também permanecem como fatores de tensão crescente no campo.