O texto descreve uma jornada de viagem pelas províncias argentinas de Rio Negro e Neuquén, entre Bariloche e San Martin de Los Andes, contrastando a paisagem da Patagônia com a do Planalto Central brasileiro. A viagem é narrada como um processo de autoconhecimento e amadurecimento, onde a experiência de deslocamento físico e cultural leva o viajante a uma reflexão sobre a interação entre o contexto ambiental e a identidade humana. O autor sugere que viajar não só nos tira da zona de conforto, mas também ativa partes de nossa personalidade e história que estavam inativas, semelhantes a um “exercício de faxina interior”.
O percurso de 4.500 km realizado de carro proporciona uma conexão mais profunda com os diferentes territórios, comparando a viagem de avião à escalada de uma montanha, onde a progressão e os contrastes entre os ambientes se tornam mais evidentes. A narrativa descreve com detalhes as mudanças geográficas e culturais, desde o cerrado brasileiro até as montanhas andinas da Patagônia, observando o impacto do ambiente na vida das pessoas, seus sotaques e modos de vida. A passagem por diferentes regiões revela um mosaico de influências históricas, como a colonização jesuíta, e o papel das águas dos rios Paraná e Uruguai na formação da identidade cultural da região.
Ao adentrar a província de La Pampa e depois a Patagônia, o viajante é levado a uma reflexão sobre a diferença entre os espaços horizontais e verticais, com uma mudança notável na paisagem e na percepção do corpo em relação ao ambiente. A viagem pela Ruta del Desierto e a chegada aos Andes patagônicos marcam uma transição física e simbólica, onde o corpo e o espírito são desafiados pela vastidão e a imponência da natureza. A jornada culmina com uma parada em uma praia lacustre, onde a tranquilidade do lugar contrasta com a força da paisagem que circunda os viajantes, trazendo à tona a complexidade e a beleza da região.