A União Europeia e o Mercosul anunciaram a conclusão de um acordo de livre comércio, que demorou mais de duas décadas para ser negociado. O acordo, considerado uma das maiores parcerias comerciais do mundo, pode eliminar tarifas anuais de cerca de 4 bilhões de euros, beneficiando mercados com mais de 700 milhões de consumidores. A eliminação gradual de barreiras, como as tarifas sobre veículos e produtos manufaturados, é vista como um avanço significativo para a economia global. Contudo, sua implementação dependerá da aprovação em diferentes esferas políticas, especialmente na União Europeia, onde o acordo enfrenta resistência significativa, especialmente da França e de outros países membros.
Embora a maioria dos países da União Europeia apoie o acordo, ele precisará passar por um processo complexo de ratificação, onde uma maioria qualificada de governos e legisladores deve aprová-lo. Para isso, serão necessários o apoio de 15 países, que representem ao menos 65% da população do bloco. A França, juntamente com Áustria, Polônia e Holanda, pode criar obstáculos ao acordo, representando um total de cerca de 30% da população da UE. Este cenário gera incertezas sobre a rapidez da implementação do acordo, uma vez que disputas internas na UE podem prolongar o processo.
No Mercosul, os países fundadores, como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, já sinalizaram apoio ao acordo. A expectativa é que a aprovação seja facilitada nos Parlamentos nacionais desses países. O acordo também representa uma oportunidade importante para a Europa, que poderá garantir acesso a minerais essenciais para sua transição energética, enquanto o Mercosul terá maior acesso ao mercado europeu para exportação de produtos agrícolas, como carnes e grãos, o que tem gerado críticas de agricultores europeus. As negociações, que haviam sido dificultadas por questões ambientais durante a presidência de Jair Bolsonaro, parecem ter avançado, com ajustes nas condições ambientais e outras áreas polêmicas, abrindo caminho para a assinatura formal do acordo.