O pacote fiscal proposto pelo governo foi avaliado como insuficiente para conter a inflação e as expectativas desancoradas, o que não deve aliviar a pressão sobre a política monetária do Banco Central (BC), de acordo com a análise do UBS BB. A expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente a Selic em 0,75 ponto percentual na próxima reunião, levando a taxa para 12% ao ano. Esse ajuste deve ser mantido também nas reuniões de janeiro e março de 2025, com a Selic chegando a 13,5% no final do primeiro trimestre.
Os economistas do banco acreditam que a decisão fiscal, além de insuficiente para garantir a sustentabilidade da dívida pública, foi prejudicada pela simultânea isenção de Imposto de Renda para contribuintes com rendimentos mensais de até R$ 5 mil. A avaliação é de que as medidas fiscais não são suficientes para enfrentar o cenário de alta da inflação, que deverá continuar pressionando os preços em 2024 e 2025. Nesse contexto, a projeção de inflação foi revisada para 4% ao final de 2024, e a expectativa para o câmbio também é de um dólar cotado a R$ 6 no final do próximo ano.
Com essas incertezas fiscais, o UBS BB acredita que a redução das taxas de juros se tornou inviável até 2026. A previsão anterior de corte de juros foi revista, e agora a expectativa é de que o BC só possa considerar reduzir a Selic a partir de 2026, caso o cenário fiscal melhore. A análise destaca que a política monetária está sendo sobrecarregada, já que a política fiscal ainda está distante do ajuste necessário, o que pode resultar em uma situação de dominância fiscal, onde a política fiscal descontrolada impede o controle da inflação apenas com a elevação da taxa de juros.