Tuvalu, uma pequena nação insular da Oceania, está enfrentando uma ameaça existencial com o aumento do nível do mar, que coloca em risco suas ilhas e infraestrutura. Para lidar com essa situação, o governo anunciou a criação de uma cópia digital do país, chamada “Nação Digital”, como uma forma de preservar sua cultura, história e soberania. O projeto inclui a digitalização de bens culturais, memórias pessoais e até mesmo da geografia local, permitindo que os tuvaluanos mantenham uma conexão com suas raízes, mesmo que a terra física desapareça. A iniciativa visa também garantir a continuidade da governança, com a criação de passaportes digitais armazenados em blockchain, o que possibilita a realização de eleições e outros registros oficiais, sem a necessidade de um território físico.
Além da preservação cultural e da adaptação às mudanças climáticas, a criação da réplica digital também reflete uma tentativa de Tuvalu de afirmar sua soberania em um cenário em que sua terra pode desaparecer. O projeto ganhou visibilidade internacional após ser apresentado na COP27, com o ministro das Relações Exteriores de Tuvalu, Simon Kofe, destacando a importância de mover a nação para a “nuvem” para garantir que sua história e identidade não sejam perdidas. Contudo, há ceticismo dentro do próprio país e em outros círculos, com alguns acreditando que a ideia pode ser um exercício simbólico ou até impraticável, dado o baixo nível de conectividade digital em Tuvalu.
Embora o projeto de “Nação Digital” tenha gerado controvérsias, ele não é a única medida tomada pelo governo para lidar com os efeitos das mudanças climáticas. Tuvalu também está investindo em soluções físicas, como a construção de barreiras de proteção e a recuperação de terras, na tentativa de mitigar o impacto das marés altas. Ao mesmo tempo, um acordo com a Austrália permite a migração de alguns tuvaluanos, o que abre a possibilidade de relocação parcial da população. No entanto, o projeto digital segue como uma alternativa para preservar a identidade do país e manter sua soberania, independentemente do futuro físico de suas ilhas.