A emergência climática e a busca por alternativas sustentáveis na Amazônia têm impulsionado o debate sobre o desenvolvimento de práticas que respeitem o meio ambiente, e o turismo de base comunitária nas terras indígenas surge como uma proposta promissora. O modelo permite que os povos indígenas, como o povo Shanenawa no Acre, recebam visitantes interessados em aprender sobre a convivência harmônica com a floresta, ao mesmo tempo em que preservam suas tradições culturais e fortalecem sua economia local. Com o turismo, os Shanenawa passaram a valorizar ainda mais suas práticas ancestrais, como o uso da ayahuasca, resgatando saberes que estavam em desuso durante um período de proibição.
O turismo tem trazido benefícios econômicos para a comunidade, que antes se sustentava com agricultura de subsistência e a venda de artesanatos. Através da venda de produtos locais e da interação com turistas, os Shanenawa têm conseguido financiar a compra de itens essenciais, como proteína animal, e reforçar a educação cultural para as futuras gerações. Além disso, o modelo tem permitido a participação ativa das mulheres, como Maya Shanenawa, vice-cacique da aldeia, que tem se destacado na condução dos rituais e na formação de novos líderes. Para os Shanenawa, o turismo não apenas fortalece a economia, mas também revitaliza e perpetua suas práticas e saberes ancestrais.
Apesar dos avanços, o modelo enfrenta desafios, como a gestão adequada dos resíduos gerados pelo turismo e a falta de informações precisas sobre as iniciativas de turismo em terras indígenas. O governo tem reconhecido essas dificuldades e trabalha em parceria com universidades e organizações para oferecer capacitação em turismo responsável e sustentável. O mapeamento de aldeias com atividades turísticas e o apoio a planos de visitação são ações em andamento para regularizar e expandir o turismo de base comunitária, garantindo que ele beneficie as comunidades locais de forma justa e sustentável.