O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende reverter uma proibição sobre a exportação de gás natural liquefeito (GNL), visando impulsionar os produtores de energia americanos. No entanto, essa medida pode não ter grandes efeitos na crise energética global e, especialmente, na crise climática, podendo até agravá-la. A Europa, maior compradora de GNL dos EUA, só sentirá os benefícios dessa mudança após 2030, quando uma nova onda de oferta global de GNL deve começar a chegar ao mercado. Enquanto isso, a Europa enfrenta uma escassez de gás, exacerbada pela redução das importações da Rússia, e precisa de alternativas para garantir seus estoques durante os invernos mais rigorosos.
As exportações de GNL dos EUA cresceram significativamente nos últimos anos, tornando o país o maior fornecedor global, mas as implicações ambientais desse aumento de exportações são preocupantes. A Administração Biden já havia suspendido a aprovação de novos projetos de exportação de GNL, após uma análise que indicou um aumento substancial nas emissões de gases de efeito estufa, o que poderia agravar ainda mais as mudanças climáticas. Em contrapartida, estudos apontam que o GNL pode ter menor impacto ambiental quando substitui fontes de energia mais poluentes, como carvão ou petróleo. No entanto, o metano, principal componente do GNL, possui um elevado potencial de aquecimento global, especialmente quando há vazamentos durante a produção.
A situação energética na Europa continuará tensa, com os preços do gás natural ainda elevados, apesar da diminuição em relação aos picos históricos de 2022. A redução da oferta de gás russo e a expiração de contratos de trânsito de gás pela Ucrânia em 2025 podem dificultar ainda mais o reabastecimento da região. Analistas preveem que a dependência da Europa do GNL continuará até a segunda metade da década, quando novos projetos de produção de gás natural devem aliviar parcialmente a situação. Contudo, o impacto no preço do gás será gradual e só será sentido de forma significativa após 2030, dificultando a recuperação completa do mercado europeu de energia.