Uma trabalhadora doméstica foi resgatada após viver 28 anos em condições análogas à escravidão em uma residência no Centro de Além Paraíba, na Zona da Mata mineira. O caso foi descoberto na última semana durante uma operação do Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Federal e auditores do Trabalho. Desde 1996, a mulher prestava serviços na casa dos empregadores sem o devido pagamento de salários, férias, 13º salário e outros direitos trabalhistas. Apesar de ter sido registrada em 2009, ela continuou a ser explorada sem receber os benefícios trabalhistas, como FGTS, e teve a carteira de trabalho falsamente assinada em 2015, pouco antes da implementação da Lei das Domésticas.
A trabalhadora, conhecida por “Vó Preta”, enfrentava condições desumanas, como a obrigação de dormir no mesmo quarto que os empregadores, além de acumular tarefas domésticas e cuidar de um dos patrões doente. Sua única posse após quase três décadas de trabalho eram itens de higiene pessoal, roupas simples, um cobertor e um espelho. A fiscalização também constatou que ela não tinha um quarto próprio e, durante os últimos meses, passou a acumular funções de cuidadora noturna, sem receber remuneração adequada ou os direitos trabalhistas correspondentes.
A ação resultou na rescisão imediata do contrato de trabalho e na regularização dos registros trabalhistas da empregada, além do pagamento de indenização por parte dos empregadores. Foram registradas 12 infrações e os patrões foram notificados a recolher o FGTS devido. Após a ação, a trabalhadora foi acolhida por parentes em Leopoldina. O valor total dos direitos a serem pagos ainda não foi divulgado, mas espera-se que os empregadores arcassem com os encargos retroativos devidos.