Na sexta-feira (20), as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam em queda acentuada, com redução de até 40 pontos-base nos contratos mais longos. O movimento de baixa reflete a aprovação de medidas fiscais pelo Congresso e a reação do mercado aos comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reiterou sua confiança no futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e reforçou a independência da instituição. O pacote fiscal, que inclui restrições ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e limitações ao aumento real do salário mínimo, contribuiu para o alívio nas taxas.
O cenário de queda das taxas também foi impulsionado por ações do Tesouro Nacional, como o leilão de recompra de títulos, e pelo recuo no valor do dólar frente ao real. Esses fatores, junto com a diminuição dos rendimentos dos Treasuries nos Estados Unidos, ajudaram a fechar a curva a termo brasileira, especialmente nos contratos mais longos, como o DI para janeiro de 2033, que registrou uma queda de 51 pontos-base. A aprovação do pacote fiscal no Senado, incluindo a PEC que reduz despesas obrigatórias, também teve impacto positivo sobre as expectativas do mercado.
Apesar da queda nas taxas mais longas, a curva de juros ainda precifica a possibilidade de novas elevações da Selic em janeiro, refletindo a percepção de que o Banco Central poderá ser pressionado a adotar um ciclo de altas mais agressivo. O mercado já projeta 73% de chance de um aumento de 125 pontos-base na próxima reunião, embora ainda haja incertezas sobre a velocidade e intensidade dessa mudança. No cenário internacional, os rendimentos dos Treasuries também registraram queda, com o rendimento do título de dez anos caindo para 4,516%, refletindo a desaceleração da inflação nos EUA.