As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) subiram significativamente nesta sexta-feira, acumulando um avanço de até 70 pontos-base em alguns vencimentos, em meio a incertezas quanto à aprovação do pacote fiscal proposto pelo governo. Investidores demonstraram receio de que as propostas possam ser desidratadas no Congresso, o que ampliou a pressão sobre a curva de juros. A expectativa de uma possível elevação da Selic em 100 pontos-base na próxima semana se consolidou, especialmente após uma série de ordens de stop loss que intensificaram as altas das taxas.
A curva de juros, que reflete as apostas sobre a taxa básica Selic, registrou uma alta expressiva em diversos prazos, com o DI para janeiro de 2025 chegando a 11,854% e o contrato de janeiro de 2027 subindo para 14,725%. A principal preocupação no mercado é a falta de compromisso do Congresso com a aprovação do conteúdo do pacote fiscal, especialmente diante da resistência de parlamentares em temas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC). O ambiente de incerteza foi acentuado pela falta de notícias positivas sobre o avanço das propostas.
No curto prazo, as taxas passaram a precificar a possibilidade de um aumento mais agressivo da Selic, com uma probabilidade de 59% de alta de 100 pontos-base na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O cenário fiscal desestabilizado tem influenciado diretamente as expectativas de inflação, com o mercado mais cauteloso quanto à sustentabilidade das propostas de ajuste fiscal. O exterior perdeu relevância para os investidores, que agora focam na evolução da situação política interna, o que resultou em maior volatilidade nos rendimentos dos DIs.