O debate sobre o suicídio assistido é cercado por questões éticas e tabus, com um ponto central sendo a dificuldade da sociedade em discutir o processo de morrer. Especialistas indicam que a medicina tradicional encara a morte como uma derrota, o que resulta em práticas como a obstinação terapêutica, onde pacientes terminais são submetidos a tratamentos sem chance de recuperação. A dificuldade de respeitar a autonomia do paciente, especialmente quando ele está em fase terminal, é um reflexo do preconceito social em relação à morte, o que leva muitos a perderem o controle sobre suas decisões, mesmo em vida.
A discussão sobre cuidados no fim da vida envolve também a complexa relação entre a dignidade do paciente e os protocolos médicos. Para muitos profissionais, como médicos e especialistas em bioética, a abordagem deve ser holística e centrada na pessoa, considerando não apenas os aspectos biológicos da doença, mas também os fatores sociais, mentais e espirituais. A necessidade de uma equipe multidisciplinar no cuidado de pacientes com doenças graves é enfatizada, já que a medicina isolada não é suficiente para aliviar o sofrimento físico e emocional desses indivíduos. Um grande desafio, conforme apontam especialistas, é lidar com o sofrimento extremo dos pacientes, especialmente os mais idosos.
O conceito de “morte social” também é destacado, referindo-se à perda de relevância social do indivíduo antes mesmo de sua morte biológica, o que afeta profundamente sua qualidade de vida. O exemplo do cientista David Goodall, que, após perder sua autonomia e enfrentar uma saúde debilitada, recorreu ao suicídio assistido, ilustra essa perspectiva de direito à morte digna. A partir desse contexto, a necessidade de discutir o suicídio assistido, levando em consideração tanto os direitos individuais quanto as implicações sociais e éticas, se torna cada vez mais relevante para o debate contemporâneo sobre o fim da vida.