Por 9 votos a 1, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram rejeitar o recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que buscava afastar o ministro Alexandre de Moraes da relatoria do inquérito relacionado a tentativas de golpe. O pedido foi inicialmente negado pelo presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, em fevereiro, e a decisão foi mantida após o julgamento no plenário da Corte. A defesa argumentava que Moraes seria uma vítima direta no caso, o que, segundo eles, configuraria um conflito de interesse para que o ministro continuasse à frente das investigações.
No entendimento de Barroso, Moraes não poderia ser considerado vítima no contexto dos crimes investigados, como tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Barroso destacou que tais crimes afetam a coletividade como um todo, e não uma vítima individual. A maioria dos ministros seguiu essa linha de raciocínio, incluindo figuras como Flávio Dino, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
O único voto divergente foi o do ministro André Mendonça, que considerou que Moraes estava, de fato, em uma situação de interesse direto, uma vez que, segundo ele, os atos investigados poderiam resultar em consequências graves para o ministro, como prisão ou até mesmo risco de morte. Esse posicionamento foi refutado pela maioria, que entendeu que o caso envolvia danos à sociedade e não a uma pessoa específica. Recentemente, Bolsonaro e outros aliados foram indiciados pela Polícia Federal em decorrência das investigações sobre o suposto plano de golpe, que envolvia também atentados contra autoridades.