A seca que atinge o Brasil há 18 meses tem causado graves impactos em várias regiões do país, com mais de 50% do território enfrentando ao menos 30 dias de estiagem severa. Dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) revelam que 130 cidades experimentaram nove meses consecutivos de seca, com destaque para o Norte, onde algumas localidades, como Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, enfrentaram até 14 meses sem chuvas. A estiagem tem afetado a vida de milhões de brasileiros, deixando comunidades isoladas, rios secos e serviços básicos comprometidos.
Além dos danos diretos à população, a crise hídrica também tem gerado enormes prejuízos econômicos, especialmente para os setores agrícola e pecuário, pilares da economia nacional. A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estima perdas financeiras de R$ 2 bilhões, embora esse número seja considerado subestimado, já que não inclui todas as regiões afetadas. A situação é ainda mais alarmante devido à falta de chuvas que não só prejudicaram a agricultura, mas também ampliaram os danos causados pelo fogo ilegal, que se espalhou por biomas importantes como o Pantanal, a Amazônia e o Cerrado, agravando a crise ambiental.
Os fenômenos climáticos, como o El Niño, o aquecimento do Atlântico Tropical Norte e bloqueios atmosféricos, têm contribuído para a intensidade e a extensão da seca. No entanto, apesar das expectativas de uma possível trégua em novembro, a estação chuvosa se atrasou e fenômenos como a La Niña não se concretizaram. Especialistas alertam que a recuperação das cidades afetadas exigirá um longo período de chuvas acima da média, o que não deve ocorrer de imediato, e a chegada do verão tende a intensificar a crise com o aumento das temperaturas e a maior evaporação dos recursos hídricos. A previsão é de que a seca continue a afetar a região central do Brasil, ao menos até março de 2024.