Nas semanas seguintes à queda de Bashar al-Assad, a Rússia tem intensificado seus esforços para consolidar sua presença militar no Mediterrâneo, transferindo operações de bases na Síria para a Líbia. A Rússia tem utilizado aviões de transporte, como o Antonov AN-124 e o Ilyushin IL-76, para transferir equipamentos militares e tropas da Síria para a base de al-Khadim, no leste da Líbia, com o objetivo de manter sua influência na região. Essa movimentação é vista como uma estratégia para substituir a função das bases sírias e garantir a presença russa no Mediterrâneo, além de fortalecer a atuação militar na África, especialmente em países como Mali e República Centro-Africana.
A presença russa na Líbia não é recente; Moscou já mantém uma base em al-Khadim há anos, onde apoia o general Khalifa Haftar, líder de uma das facções em disputa pelo poder no país. Com a transferência de tropas e equipamentos para a Líbia, a Rússia parece estar se posicionando para substituir a influência francesa na África e ampliar suas operações militares na região, incluindo o envio de mercenários e armas para vários países africanos. No entanto, a Líbia apresenta desafios para Moscou, que precisa lidar com a instabilidade política interna e a falta de garantias de longo prazo, uma vez que o líder Haftar não tem um controle total do país.
A NATO observa com preocupação as movimentações russas, especialmente no que diz respeito à presença de navios e submarinos russos no Mediterrâneo, uma área estratégica para Moscou, que busca alternativas à sua base naval em Tartus, na Síria. Apesar da ambiguidade da situação política na Síria, com a possibilidade de mudanças no governo, a Rússia tenta proteger seus interesses estratégicos na região, especialmente após a queda de Assad, que complicou seus planos a longo prazo. A situação na Líbia, no entanto, pode representar um novo caminho para Moscou, mas a volatilidade do contexto local limita suas opções de expansão e consolidação.