O Brasil encerrou 2023 com 124 bilhões de iuans (CNY) em suas reservas internacionais, consolidando a crescente presença da moeda chinesa nos cofres do país. Segundo o Banco Central, o renminbi passou a representar 4,8% das reservas, uma alta significativa em relação a 1,1% em 2019. O dólar norte-americano, embora ainda predominante, reduziu sua participação de 86,77% em 2019 para 79,99% no final de 2023, refletindo um movimento de diversificação das reservas em resposta à dinâmica global.
Nos últimos anos, o Brasil e a China firmaram acordos bilaterais para realizar transações diretas em moedas locais, contribuindo para a redução da dependência do dólar. Esse processo está inserido em uma tendência mais ampla entre países emergentes, que buscam reformar o sistema financeiro internacional e fortalecer mecanismos alternativos de pagamento. Além do renminbi, moedas como o dólar canadense, o dólar australiano e o ouro ganharam espaço na carteira de reservas, destacando o perfil anticíclico da estratégia brasileira.
Essa mudança também reflete esforços do Brasil no âmbito do Brics para viabilizar alternativas ao uso do dólar nas transações entre os membros. O país, que assumirá a presidência do bloco em 2025, planeja avançar no desenvolvimento de mecanismos de compensação em moedas locais e no fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento. A diversificação das reservas e a busca por um sistema financeiro mais inclusivo têm sido prioridades estratégicas diante de um cenário internacional marcado por novas coalizões econômicas e desafios geopolíticos.