Um estudo realizado pela Fundação Tide Setubal mapeou 913 ações municipais entre 2021 e 2023 e 157 ações estaduais implementadas em 2023 no Brasil, evidenciando avanços e desafios na luta contra o racismo e pela promoção da igualdade racial. O levantamento revelou que as iniciativas municipais foram concentradas principalmente no Nordeste e Sudeste, com uma média de 6,76 ações por cidade. No entanto, apenas uma pequena parcela das ações (3,3%) contou com orçamento identificado, o que compromete sua sustentabilidade e continuidade. O relatório destaca a escassez de recursos financeiros e a falta de transversalidade nas políticas públicas como obstáculos importantes.
As ações identificadas se concentraram nas áreas de educação, cultura e segurança pública, sendo que, em 2023, a maioria das iniciativas estaduais focou nesses setores. Apesar dos esforços, o estudo apontou que a implementação e a manutenção dessas ações enfrentam dificuldades práticas, como a falta de garantias de financiamento a longo prazo e a insuficiência de informações públicas sobre os valores investidos. A pesquisa também observa que, muitas vezes, as políticas de combate ao racismo estão limitadas a algumas secretarias específicas, como educação e igualdade racial, sem uma integração mais ampla com outras áreas cruciais da administração pública.
O relatório sugere que a gestão pública deve adotar uma abordagem mais ampla, expandindo as ações de combate ao racismo e promoção da igualdade racial para diversas pastas além das tradicionalmente envolvidas, como educação e cultura. Áreas como saúde, meio ambiente, saneamento básico, trabalho e desenvolvimento urbano precisam ser igualmente mobilizadas para garantir a efetividade das políticas públicas. O estudo também enfatiza a importância de utilizar os dados para formar gestores e fortalecer a aplicação de práticas bem-sucedidas em diferentes regiões do país.