Um estudo conduzido pela Escola de Saúde Pública de Yale, com apoio do Departamento de Estado dos Estados Unidos, revelou um programa supostamente orquestrado pela Rússia para transferir crianças ucranianas dos territórios ocupados e colocá-las em famílias russas. O relatório indica que, ao longo dos primeiros meses da guerra, 314 crianças foram levadas para a Rússia, onde suas identidades ucranianas foram removidas e elas passaram por um processo de russificação. A pesquisa sugere que o Kremlin financiou essa iniciativa, com o objetivo de alterar a identidade nacional das crianças, apresentando-a como uma prática sistemática de deportação forçada, caracterizada como crime contra a humanidade.
O estudo foi apresentado ao Conselho de Segurança da ONU, e os pesquisadores alegaram que ele fornecia evidências para apoiar acusações adicionais contra autoridades russas, incluindo a transferência forçada de pessoas de um grupo nacional e étnico para outro. Em resposta, o governo russo negou as acusações, afirmando que as transferências ocorreram de maneira voluntária e com o consentimento dos pais ou responsáveis, e que as crianças foram colocadas em guarda temporária, não adotadas. O Tribunal Penal Internacional já emitiu mandados de prisão contra líderes russos por acusações de deportação de crianças ucranianas, e o relatório de Yale foi citado como um recurso valioso nas investigações em andamento.
A pesquisa também detalhou a aplicação de propaganda estatal nas crianças levadas para a Rússia, mencionando programas de reeducação patriótica. Estima-se que cerca de 19.500 crianças tenham sido transferidas para a Rússia ou para a Crimeia desde o início da invasão, com as autoridades ucranianas contestando as alegações de Moscou sobre os números. O estudo foi feito a partir da análise de dados extraídos de bancos de adoção do governo russo, e as conclusões reforçam as investigações de possíveis violações dos direitos humanos e do direito internacional, que seguem em andamento com apoio internacional.