A Vila de Regência, localizada no Norte do Espírito Santo, passou por uma significativa transformação nas últimas décadas. Historicamente, a comunidade vivia da pesca e da caça de tartarugas, uma prática comum até os anos 1980. Contudo, com o aumento da conscientização ambiental e a implementação de leis de proteção, os antigos caçadores de tartarugas se tornaram defensores da espécie. A mudança de mentalidade foi impulsionada por programas de conservação, como o Projeto Tamar, que envolveu a comunidade na proteção das tartarugas marinhas, promovendo alternativas de trabalho e renda, como a criação de uma fábrica de roupas, gerando emprego e engajamento local.
A integração entre ciência e sociedade em Regência resultou na preservação não apenas das tartarugas, mas também no desenvolvimento de novas práticas econômicas sustentáveis. A vila, que antes dependia da pesca para sua sobrevivência, passou a ser um destino turístico reconhecido, especialmente pelos surfistas que, ao longo do tempo, também se engajaram na conservação. Mesmo com a criação da Reserva Biológica de Comboios, que restringe atividades como a pesca, o surfe na região foi autorizado e monitorado, com a atividade sendo considerada uma aliada na proteção dos animais.
Contudo, o desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem de Mariana, em 2015, trouxe desafios significativos para a região. O impacto da lama tóxica afetou tanto a biodiversidade local quanto as condições econômicas de Regência, prejudicando a pesca e o turismo. A contaminação dos ecossistemas, especialmente nos níveis de metais pesados nas tartarugas e outros animais marinhos, é uma preocupação constante. Mesmo assim, a comunidade e os pesquisadores seguem empenhados em mitigar os danos, com projetos de monitoramento em andamento, enquanto aguardam a implementação de um plano de reparação ambiental que traga soluções duradouras para o local.