O real encerrou 2024 com uma desvalorização recorde de 27% frente ao dólar, consolidando-se como a moeda de pior desempenho entre as 20 principais divisas globais. A moeda americana alcançou seu maior valor histórico nominal diversas vezes ao longo do ano, encerrando dezembro cotada a R$ 6,179. Esse cenário foi influenciado por fatores externos, como tensões geopolíticas e a manutenção de juros elevados nos Estados Unidos, além de incertezas internas relacionadas à política fiscal e econômica brasileira.
A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e sua política econômica, marcada por tarifas comerciais e medidas inflacionárias, impulsionaram o fortalecimento global do dólar, impactando diretamente o real. Internamente, a demora na aprovação de medidas fiscais pelo governo brasileiro aumentou a volatilidade cambial, enquanto o Banco Central tentou conter a desvalorização com intervenções pontuais que tiveram pouco efeito. Além disso, discursos sobre movimentos especulativos no câmbio aumentaram a percepção de instabilidade no mercado.
As expectativas para 2025 indicam que o dólar pode se manter acima de R$ 6, com projeções variando entre R$ 5,85 e R$ 6,50 até 2026. Analistas destacam que a depreciação do real deve continuar pressionada por incertezas fiscais, déficit em conta corrente e a força global do dólar. Apesar de algumas previsões sugerirem estabilização a médio prazo, a continuidade de políticas econômicas inconsistentes pode agravar o cenário e levar a cotações ainda mais altas.