O Projeto Quelônios da Amazônia (PQA) anunciou que o número de nascimentos de quelônios no Vale do Guaporé, o maior berçário do Brasil, deve ser drasticamente reduzido em 2024, com a expectativa de não ultrapassar 350 mil filhotes, em comparação aos 1,4 milhão registrados no ano anterior. A queda acentuada no número de nascimentos é atribuída a uma série de fatores climáticos extremos, como a seca severa, queimadas intensas, altas temperaturas e a cheia dos rios, que afetaram diretamente o ciclo reprodutivo das tartarugas-da-amazônia, tracajás e outras espécies. Esses eventos causaram atrasos nas desovas, além de aumentar a exposição dos filhotes a predadores e ao calor intenso.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), junto a parceiros locais e do Grupo Energisa, tem trabalhado para minimizar os impactos desse cenário, com a realização de uma força-tarefa para resgatar e proteger os filhotes. Mesmo diante dos desafios, como a inundação das praias e o aumento da mortalidade de filhotes devido às mudanças bruscas nos níveis dos rios, o projeto continua a monitorar a situação e promover ações de manejo. A equipe de campo tem registrado diariamente os nascimentos e liberado os filhotes com segurança, realizando a soltura conforme as condições ambientais.
Iniciado em 1979, o Projeto Quelônios da Amazônia tem sido um pilar crucial para a preservação das espécies de quelônios na região, especialmente das tartarugas-da-amazônia e outras espécies nativas. Com o apoio de comunidades locais, o PQA implementa medidas de proteção sustentável, que também geram benefícios econômicos e sociais para as populações que vivem nas bacias dos rios Amazonas e Araguaia/Tocantins. As iniciativas do projeto fazem parte de uma política pública de conservação da biodiversidade, essencial para a recuperação e a manutenção das populações dessas espécies ameaçadas.