O governo brasileiro propôs a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil a partir de 2026, beneficiando trabalhadores de classe média e média alta. A medida visa aliviar a carga tributária de uma parcela significativa da população, representando cerca de 32% dos trabalhadores, que ganham até R$ 5 mil. No entanto, a proposta também busca compensar a perda de arrecadação de R$ 35 bilhões com a taxação de quem recebe mais de R$ 50 mil por mês, ou R$ 600 mil por ano, uma medida direcionada aos 1% de maior renda no país.
Embora a proposta tenha sido anunciada com o objetivo de beneficiar trabalhadores com rendimentos até R$ 5 mil, especialistas alertam que a ampliação da isenção pode aumentar a desigualdade no Brasil. A medida favorece principalmente a classe média alta, e não os mais pobres, já que quem ganha mais de R$ 6 mil já está entre os 10% mais ricos do país. Além disso, a mudança pode piorar os índices de distribuição de renda, como indicado por estudos de instituições acadêmicas, que sugerem que a alteração na tabela do IR poderia acentuar a concentração de renda entre os mais ricos.
A proposta também levanta questões sobre a eficiência da tributação no Brasil. A falta de tributação sobre lucros e dividendos, uma das fontes de desigualdade, é apontada como uma falha estrutural do sistema tributário. Estudos sugerem que uma reforma mais abrangente deveria incluir uma tabela progressiva com alíquotas mais altas para os rendimentos mais elevados, além da tributação sobre os lucros das empresas. Apesar de as medidas ainda precisarem de aprovação no Congresso, elas refletem uma tentativa do governo de equilibrar a arrecadação fiscal e atender às promessas feitas durante as campanhas eleitorais.