Entre 2020 e 2022, cerca de 450 crianças e adolescentes em Campinas (SP) perderam pelo menos um dos pais devido à Covid-19, segundo estimativas da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude. A Promotoria acompanhou de perto esses casos, realizando um mapeamento por meio da análise de certidões de óbito, com o objetivo de entender e apoiar os órfãos da pandemia. Ao contrário do que foi registrado pelos cartórios da cidade, que apontaram 106 casos, o levantamento do Ministério Público revelou um número bem maior de órfãos. Esses menores, em sua maioria, continuaram sendo criados no núcleo familiar sem ocorrências de adoções irregulares ou separação de irmãos.
A pandemia trouxe desafios ainda mais complexos para as crianças que perderam seus pais, já que muitas não puderam se despedir devido às restrições impostas pela doença, como a proibição de velórios e caixões lacrados. Essa realidade gerou confusão e sofrimento entre os menores, que, em alguns casos, chegaram a duvidar da morte dos pais. A Promotoria também destacou que, apesar de algumas ações públicas, o processo de acompanhamento e assistência aos órfãos precisa ser mais ágil. A promotora responsável enfatiza a importância de uma resposta rápida, pois o tempo da criança, que sofre e se desenvolve de maneira intensa, não pode ser negligenciado.
Além do suporte emocional, o Ministério Público está trabalhando para integrar o conceito de orfandade como uma forma de desproteção social, visando sensibilizar escolas e outros órgãos de apoio. A cidade de Campinas também implementou o Auxílio Campinas Protege, que ofereceu assistência financeira a algumas famílias afetadas pela perda dos pais durante a pandemia. No entanto, a promotoria continua cobrando celeridade nas políticas públicas e nas respostas a essas situações, que exigem atenção imediata para evitar que as crianças carreguem consequências graves no futuro.