A prisão preventiva de um alto oficial do Exército, detido pela Polícia Federal no contexto de uma investigação sobre um possível golpe de Estado, gerou discussões jurídicas sobre a aplicação dessa medida. No entanto, a análise parece convergir para o fato de que o que realmente motivou a detenção foi a quebra de disciplina dentro da instituição militar, consequência da crescente politização das Forças Armadas. Esse fenômeno é visto como uma distorção do papel tradicional da instituição, que deveria se manter afastada das disputas políticas partidárias.
O caso expõe a erosão da hierarquia e da cadeia de comando no Exército, que, segundo alguns analistas, foi enfraquecida quando altos oficiais se aliaram a determinados projetos políticos, ultrapassando os limites da lealdade institucional. Esse processo se intensificou quando o comandante em chefe das Forças Armadas, o presidente da República, passou a ser identificado com uma corrente política específica, o que gerou confusão entre o dever constitucional e as preferências partidárias dentro das Forças.
Embora haja uma resistência por parte de alguns setores militares à politização, a situação de crise dentro da instituição já estava estabelecida. Mesmo com uma postura legalista de parte do Alto Comando, que se recusou a apoiar qualquer ação golpista, o dano à imagem e à estrutura das Forças Armadas foi significativo. A politização das Forças Armadas contrasta com os princípios de profissionalismo que marcaram sua reestruturação após o regime militar, colocando em risco a estabilidade interna e a independência das instituições de defesa do país.