O presidente da Coreia do Sul decretou lei marcial no país nesta terça-feira (3), suspendendo os direitos civis e o funcionamento do Congresso, em um ato controverso que envolveu o exército invadindo o prédio da Assembleia Nacional e confrontando manifestantes. O presidente alegou que a medida visava erradicar forças comunistas que, segundo ele, ameaçavam a liberdade e a ordem constitucional no país. No entanto, a situação gerou reações intensas, especialmente ao ser associado a políticos de oposição dentro da própria Coreia do Sul. Horas depois, sob forte pressão, Yoon Suk Yeol recuou e cancelou o decreto, afirmando que a normalidade seria restaurada.
O anúncio da lei marcial ocorreu em um contexto de crescente impopularidade do governo, com Yoon enfrentando uma taxa de aprovação de apenas 20%. Além disso, o presidente já havia sofrido uma derrota significativa nas eleições parlamentares de abril, que resultaram no controle da Assembleia Nacional pela oposição. Desde então, Yoon tem enfrentado dificuldades para aprovar leis e orçamento, o que intensificou as tensões políticas no país. A oposição condenou o ato como uma tentativa ilegal de centralizar o poder, e muitos afirmaram que a situação criaria as condições para um possível impeachment.
A relação entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte tem se deteriorado recentemente, com atos provocativos de ambos os lados. Enquanto a Coreia do Norte intensifica suas ações de pressão psicológica, como o envio de balões de propaganda e som alto para o Sul, o governo sul-coreano responde com estratégias semelhantes. A presença militar dos Estados Unidos na região, que dura desde a Guerra da Coreia, também tem sido um fator importante nas tensões geopolíticas. A revogação do decreto de lei marcial após o voto unânime da Assembleia Nacional refletiu o impacto da crise política interna e o desejo de restaurar a estabilidade no país.