A médica e pesquisadora Adriana Melo se destacou como uma das principais responsáveis pela descoberta da relação entre o Zika vírus e a microcefalia, doença que afetou milhares de bebês no Brasil. Em 2015, durante um surto de Zika, especialmente no Nordeste, ela foi pioneira ao identificar a relação do vírus com malformações cerebrais em fetos. A pesquisa teve início quando Melo observou um caso atípico de malformação cerebral em uma gestante e, após investigar a condição, descobriu que a paciente havia sido infectada pelo Zika vírus durante a gravidez. Este achado foi fundamental para entender o impacto do vírus na saúde pública.
Ao longo de sua jornada, Adriana enfrentou diversos desafios, incluindo a resistência de autoridades em aceitar a nova relação entre o vírus e a microcefalia, além da necessidade de implementar políticas públicas adequadas para as crianças afetadas. Com o apoio de especialistas e laboratórios, ela conseguiu realizar exames e comprovar sua teoria, o que levou à publicação dos primeiros achados sobre a Zika congênita em 2016. A descoberta foi crucial para o tratamento e acompanhamento das crianças que nasceram com malformações cerebrais causadas pela infecção viral, alterando a forma como o Brasil passou a lidar com a doença.
Atualmente, Adriana Melo preside o Instituto Paraibano de Pesquisa, que oferece atendimento especializado a crianças com microcefalia e outras deficiências. Através do instituto, ela continua a lutar por uma maior conscientização e investigação sobre as causas da microcefalia, defendendo políticas públicas mais eficazes e acompanhamento médico contínuo para as famílias afetadas. Apesar dos avanços, ela ressalta que ainda é necessário um olhar mais atento para os casos de microcefalia no Brasil e critica a falta de investigação aprofundada em alguns casos, que poderiam revelar causas subjacentes importantes para o tratamento e prevenção da doença.