Um estudo pioneiro realizado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) em Teresina, única cidade das Américas selecionada, revelou os impactos do calor extremo na saúde física e mental de gestantes. A pesquisa envolveu 411 mulheres atendidas em 75 unidades básicas de saúde e evidenciou que quase 70% consideram suas residências inadequadas para enfrentar temperaturas elevadas. Além disso, 84% das participantes são mulheres negras ou pardas, em situação de vulnerabilidade social, destacando desigualdades socioeconômicas e a injustiça climática na região.
Os resultados indicaram que o calor afeta negativamente o bem-estar físico de 89% das entrevistadas e o emocional de 83,7%. Apesar disso, 63% das gestantes relataram não ter recebido orientações específicas sobre como lidar com o calor. Entre as preocupações relatadas, destacam-se partos prematuros, eclâmpsia e riscos à saúde dos bebês. O estudo também apontou que medidas simples, como mudanças nos horários das consultas e a criação de um protocolo de calor, poderiam melhorar significativamente o conforto térmico e a qualidade de vida dessas mulheres.
Essa pesquisa, desenvolvida no âmbito da Agenda Teresina 2030, busca influenciar políticas públicas para mitigar os efeitos do calor extremo. De forma inovadora, o levantamento foi realizado diretamente com gestantes, indo além de dados médicos para captar o impacto real do calor no cotidiano das mulheres. Os achados destacam a necessidade de ações concretas e integradas que considerem não apenas a saúde, mas também os aspectos sociais e comportamentais da população afetada.