Pesquisadores apresentaram novos dados sobre a relação entre a gordura corporal e a Doença de Alzheimer durante a reunião anual da Sociedade Norte-Americana de Radiologia (RSNA). O estudo, realizado com 80 indivíduos na meia-idade, revelou que o acúmulo de gordura visceral – a gordura que se localiza na cavidade abdominal – pode ser um indicador precoce do Alzheimer, com até 20 anos de antecedência em relação ao aparecimento dos primeiros sintomas de demência. As descobertas foram baseadas em exames de ressonância magnética e outros testes realizados nos participantes, que estavam em estágio inicial da doença, mas já apresentavam alterações no cérebro, como o acúmulo de proteínas amiloide, um marcador da enfermidade.
A pesquisa também revelou que os altos níveis de resistência à insulina, que podem levar ao diabetes, e o baixo índice de colesterol HDL, considerado benéfico à saúde, estavam associados ao aumento dessas proteínas amiloides. Os resultados sugerem que, ao modificar o estilo de vida – como a perda de peso e a redução da gordura visceral – é possível prevenir ou retardar o início do Alzheimer. Além disso, o estudo indicou que a obesidade e a gordura visceral reduzem o fluxo sanguíneo para o cérebro, o que pode comprometer ainda mais a saúde cognitiva.
No contexto global, a Doença de Alzheimer afeta milhões de pessoas. Nos Estados Unidos, cerca de sete milhões de pessoas com mais de 65 anos convivem com a doença, enquanto no Brasil, estima-se que 1,7 milhão de pessoas acima dos 60 anos vivam com algum tipo de demência, sendo o Alzheimer responsável por 55% desses casos. Os pesquisadores destacam que, embora os indivíduos analisados ainda não apresentassem sintomas de demência, as evidências apontam que a mudança de hábitos e o controle da gordura visceral podem ter um impacto significativo na prevenção de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.