Na última sexta-feira (13), em frente ao antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no centro do Rio de Janeiro, foi realizada uma performance artística que simbolizou a luta contra a ditadura militar. A artista Julia Cseko, com o apoio de ativistas e representantes de grupos de direitos humanos, carregou oito sacos de sal, totalizando 200 quilos, em alusão a 800 pessoas desaparecidas ou mortas durante o período repressivo. A performance marcou a data de assinatura do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, o mais repressivo dos atos institucionais que endureceu a ditadura no Brasil.
O ato reuniu diversos segmentos da sociedade, incluindo sobreviventes da ditadura, historiadores e ativistas que reivindicam a transformação do prédio do Dops em um centro de memória. Esse espaço foi, durante a ditadura, palco de perseguições e torturas contra opositores do regime. Historicamente significativo, o prédio ainda carece de um reconhecimento público que remeta à sua função como instrumento da repressão. Segundo organizadores, a luta é para que o local se torne um símbolo da memória histórica e um centro de educação e resistência às práticas autoritárias.
O evento também teve como foco a importância da preservação da memória histórica, especialmente em um contexto atual, onde discussões sobre o retorno de práticas autoritárias ainda estão em pauta. Comemorando 60 anos do golpe militar, as manifestações destacam a necessidade de evitar a repetição dos erros do passado, lembrando a população sobre os horrores da ditadura e a importância da democracia. No contexto de tensões políticas recentes, o ato busca reforçar a vigilância sobre os direitos humanos e a resistência a tentativas de enfraquecer as instituições democráticas.