O mercado financeiro tem reagido negativamente ao pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A alta contínua do dólar e a renovação de sua máxima histórica são reflexos de um clima de incerteza, agravado pela forma como o governo comunicou as propostas. A falta de detalhes sobre a execução do pacote e a simultânea isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil geraram dúvidas sobre a real eficácia das medidas.
A situação interna do governo também contribui para a confusão. De um lado, há grupos favoráveis a cortes de gastos, enquanto, do outro, setores acreditam que essa ideia representa apenas uma imposição ideológica. De acordo com Creomar de Souza, cientista político e CEO da consultoria Dharma, a tentativa do governo de agradar a diferentes grupos resultou em um discurso contraditório, com propostas que não atendem de forma eficaz nem aos que demandam austeridade nem aos que priorizam benefícios sociais.
Para Souza, o grande dilema do Ministério da Fazenda é justamente tentar equilibrar interesses opostos, o que tem enfraquecido a credibilidade do governo no campo econômico. A falta de clareza nas decisões e a incoerência na comunicação criam a percepção de que o Executivo está sem direção, dificultando a implementação de um plano fiscal coeso e sustentável. A tentativa de agradar a todos tem levado a um cenário de insatisfação generalizada.