O balanço anual de 2024 do projeto Coral Vivo alerta para os impactos negativos de uma forte onda de calor associada ao fenômeno El Niño nos recifes de corais do Brasil. O relatório aponta que, pela segunda vez em cinco anos, os recifes sofreram um grande episódio de branqueamento, que resultou em significativa mortalidade, especialmente na região Nordeste, com cidades como Maragogi (AL), Natal e Salvador sendo fortemente afetadas. O fenômeno gerou menores danos no Sudeste e no sul da Bahia, onde os recifes mais diversos do país estão localizados, com uma mortalidade reduzida. Contudo, as espécies de corais mais vulneráveis, como o coral-de-fogo e o coral-vela, mais uma vez foram as mais impactadas.
O branqueamento ocorre quando o aumento da temperatura das águas leva os corais a expulsarem as zooxantelas, organismos simbióticos essenciais para sua sobrevivência, resultando na perda de coloração e, frequentemente, na morte dos recifes. Esse processo é exacerbado por fatores climáticos, como o aquecimento global, e tem consequências diretas para a biodiversidade marinha e para as comunidades costeiras que dependem dos recifes para pesca e turismo. O projeto Coral Vivo destaca que o impacto do El Niño de 2024 foi particularmente intenso devido ao enfraquecimento dos ventos alísios e ao aumento das temperaturas nas águas do Oceano Pacífico, o que afetou os padrões climáticos globalmente.
Com mais de 25 anos de pesquisa, o Coral Vivo segue monitorando o estado dos recifes em 18 pontos estratégicos ao longo da costa brasileira, com foco na conservação e recuperação das áreas afetadas. A organização defende a implementação de políticas públicas mais eficazes para proteger o ecossistema coralíneo, essencial para a estabilidade ecológica e econômica das regiões litorâneas. O relatório também reitera a urgência em promover ações que mitiguem as mudanças climáticas, que representam a maior ameaça para os corais em todo o mundo.