O balanço anual de 2024 do projeto Coral Vivo destaca as consequências devastadoras da onda de calor associada ao fenômeno El Niño nos recifes de corais do Brasil. Este fenômeno resultou no segundo grande episódio de branqueamento dos corais no país, afetando principalmente o litoral da região Nordeste, com cidades como Maragogi (AL), Natal e Salvador sendo algumas das mais impactadas. A mortalidade foi mais intensa no norte da região, enquanto o Sudeste e o sul da Bahia, com menores temperaturas, sofreram menos perdas. O fenômeno se alinha a um histórico crescente de alterações climáticas que tem intensificado esses episódios.
O fenômeno de branqueamento ocorre quando os corais, em resposta ao aumento da temperatura das águas, expulsam as zooxantelas, organismos essenciais para sua alimentação e cor. Esse processo resulta na perda de coloração e, frequentemente, na morte dos corais. As espécies mais afetadas neste episódio foram novamente o coral-de-fogo (Millepora alcicornis) e o coral-vela (Mussismilia harttii), uma espécie endêmica do Brasil e ameaçada de extinção. O aumento das temperaturas oceânicas, impulsionado pelas mudanças climáticas e pelo El Niño, está tornando os recifes de corais ainda mais vulneráveis.
O projeto Coral Vivo, que realiza monitoramentos e estudos desde 1996, destaca que a morte dos corais compromete a biodiversidade marinha e tem sérias consequências econômicas para comunidades que dependem dos recifes para pesca e turismo. As investigações reforçam a necessidade de políticas públicas eficazes e áreas de conservação para proteger esses ecossistemas, especialmente nas regiões mais afetadas, como o sul da Bahia. O relatório também destaca que o fenômeno El Niño, que altera padrões climáticos globais, intensifica o risco de tais eventos, com implicações duradouras para os recifes de corais e a economia das regiões costeiras.