Após a queda do regime de Bashar al-Assad, a Síria vive uma fase de transição política marcada por um silêncio estratégico do novo poder em Damasco em relação aos ataques israelenses. Israel tem realizado sucessivos bombardeios aéreos contra instalações militares sírias e ocupado a zona desmilitarizada entre as Colinas de Golã e o resto do país, território anexado por Israel após a Guerra de 1967. Especialistas sugerem que esse silêncio pode indicar uma possível colaboração com Israel ou uma tática para evitar um confronto, já que o novo governo sírio ainda não controla totalmente o território nem consolidou sua estrutura estatal.
Enquanto isso, organizações internacionais como a ONU e o Brasil criticaram a violação da soberania síria pelas ações israelenses, alegando que elas infringem o direito internacional. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que Israel cesse sua presença não autorizada na área de separação das Colinas de Golã, conforme estabelecido pelo acordo de 1974 entre Israel e Síria. Por outro lado, os Estados Unidos justificaram os ataques israelenses como uma forma de legítima defesa, destacando a busca por ameaças potenciais à segurança de Israel, apesar da Síria não ter lançado ataques contra o país.
O novo governo sírio, controlado por um grupo insurgente que derrubou Assad, ainda enfrenta desafios internos, incluindo a disputa por territórios. Líderes do grupo Hay’at Tahrir al-Sham (HTS) não se opuseram publicamente aos ataques israelenses, enquanto o Irã denuncia a queda do regime de Assad como uma conspiração liderada pelos EUA e Israel. A guerra que resultou na derrubada de Assad, que durou 13 anos, contou com apoio externo significativo de potências regionais e globais, intensificando as complexas relações geopolíticas no Oriente Médio.