Em entrevista ao WW, o professor Vitelio Brustolin, da Universidade Federal Fluminense e pesquisador de Harvard, destacou a visão do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre a Síria. Segundo Brustolin, Netanyahu não acredita na possibilidade de a Síria ser reconstituída como um Estado sob governo único, enxergando o país de forma semelhante à Líbia após a morte de Muammar Kadafi, em 2011. Para o pesquisador, a Síria está em um cenário de divisão entre grupos que disputam o poder, o que tem orientado a política israelense na região.
O professor também apontou que Israel já realizou mais de 300 ataques aéreos na Síria desde a queda do regime de Bashar al-Assad, com o objetivo principal de destruir arsenais e armamentos que representem uma ameaça ao país. Esses ataques incluem a eliminação de armas químicas, como o gás sarin e o gás cloro, que foram utilizados pelo regime sírio contra a população, além de outras instalações militares que poderiam ser utilizadas por grupos hostis a Israel.
Além dos aspectos militares, Brustolin abordou o contexto geopolítico complexo da região, com destaque para a presença de grupos como o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), considerado terrorista por diversos países, e a questão curda, que envolve um grande número de curdos em países como Turquia, Síria e Iraque. Esses elementos, segundo o professor, tornam a situação síria ainda mais difícil de resolver e contribuem para o impasse governamental e a fragmentação do país.