Após duas semanas de negociações em Riad, na Arábia Saudita, a 16ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (COP16) não conseguiu estabelecer um acordo global para enfrentar a crescente ameaça das secas, agravada pelo aquecimento global. Os 197 países participantes não conseguiram consensuar um plano que incluísse financiamento para sistemas de alerta e a construção de infraestrutura em países mais vulneráveis, como os da África. A conferência, que acontece a cada dois anos, adiou as negociações sobre a questão da seca para 2026, na Mongólia, com a justificativa de que mais tempo é necessário para alcançar um consenso.
O impacto das secas, conforme alertado pela UNCCD, pode afetar até 5 bilhões de pessoas até o final deste século, atingindo severamente regiões da Europa, Oeste dos Estados Unidos, Brasil, Leste da Ásia e África Central. A agricultura, um setor particularmente vulnerável às secas, corre o risco de colapsar, o que pode agravar a insegurança alimentar em várias partes do mundo. A situação exigiria um esforço coletivo mais robusto, com o financiamento adequado, especialmente para as nações mais afetadas.
Durante a conferência, alguns países e bancos internacionais se comprometeram a financiar iniciativas de combate à seca, com promessas de US$ 2,15 bilhões para os primeiros anos e um compromisso adicional de US$ 10 bilhões até 2030, por parte de instituições do Oriente Médio. No entanto, especialistas como Jes Weigelt, do TMG Research, consideram que a COP16 seguiu o mesmo caminho de outras cúpulas climáticas deste ano, falhando em entregar resultados concretos. A falta de um acordo sólido sobre a seca levanta preocupações sobre a eficácia das negociações internacionais diante de uma crise climática cada vez mais urgente.