Durante o regime nazista, o Natal foi alvo de uma tentativa sistemática de manipulação e transformação, tanto como símbolo de propaganda quanto como um meio de controle social. Os ideólogos do Terceiro Reich reescreveram canções tradicionais, incluindo a famosa “Noite Feliz”, para associar elementos da celebração religiosa a figuras políticas, como Adolf Hitler, e exaltar o regime. A alteração das músicas tinha o objetivo de substituir as referências cristãs por símbolos do nacionalismo germânico e da ideologia nazista, criando uma versão do Natal mais alinhada com os interesses do regime. A reescrita dessas canções foi parte de uma estratégia mais ampla de “nazificação” da festividade, que incluía a exclusão de elementos religiosos, como o menino Jesus.
Entretanto, a apropriação do Natal não foi uma exclusividade dos nazistas. Ao longo da história, regimes totalitários buscaram subverter ou até abolir as celebrações religiosas, seja por vê-las como uma ameaça à sua ideologia, seja como uma forma de cooptá-las para seus próprios fins. No caso da Alemanha, os comunistas e social-democratas já atacavam as celebrações natalinas antes da ascensão dos nazistas, destacando o Natal como um exemplo de exploração burguesa. Quando os nazistas assumiram o poder, em 1933, aproveitaram o vácuo deixado por esses ataques anteriores e começaram a moldar o Natal a seu gosto, inserindo símbolos do regime nas comemorações e manipulando sua imagem para reforçar o controle ideológico.
Apesar da pressão para transformar o Natal em uma festividade puramente pagã e nacionalista, a resistência da população e a persistência das tradições religiosas garantiram que o Natal sobrevivesse a esse período de distorção. Alguns líderes religiosos e fiéis se opuseram clandestinamente às mudanças, continuando a celebrar a data de maneira tradicional, o que ajudou a manter viva a celebração. O Natal na Alemanha, profundamente enraizado na cultura local, foi capaz de resistir às tentativas de controle, demonstrando a força das tradições culturais frente às manipulações ideológicas.