Pesquisadores identificaram que mulheres com diabetes e glicemia descontrolada apresentam um declínio cognitivo mais acelerado, com maior impacto nas funções executivas, como controle de emoções e planejamento, em comparação aos homens. Curiosamente, o estudo não observou perda de memória significativa, indicando que o diabetes afeta áreas do cérebro ligadas a essas funções, como o córtex pré-frontal. Esse efeito pode ser potencializado por fatores hormonais, como a redução de estrógeno na menopausa, e também por fatores sociais, como a menor escolaridade média das mulheres, que reduz a reserva cognitiva.
O estudo acompanhou 3.984 idosos britânicos ao longo de oito anos e analisou os efeitos do controle glicêmico, medido pelos níveis de hemoglobina glicada (HbA1c). Foi evidenciado que níveis inadequados de glicemia aumentam o risco de comprometimento cognitivo e perda de mobilidade em idosos. Enquanto os homens não demonstraram essa associação, mulheres com glicemia descontrolada apresentaram maior vulnerabilidade ao declínio cognitivo, reforçando a importância de um controle glicêmico rigoroso entre 6,5% e 7% de HbA1c.
Os resultados do estudo, embora baseados na população britânica, sugerem que em países como o Brasil, com menores índices de escolaridade entre os idosos, o impacto do descontrole glicêmico pode ser ainda mais grave. Isso ressalta a necessidade de políticas públicas voltadas ao controle adequado da glicemia e à educação em saúde, com foco em minimizar os riscos cognitivos e melhorar a qualidade de vida na terceira idade.