José Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, continua sendo uma figura relevante na política e na sociedade de seu país, mesmo enfrentando desafios de saúde devido a um tratamento contra o câncer e suas consequências. Aos 89 anos, ele reflete sobre a vida, a morte e o papel da política enquanto compartilha sua visão sobre o momento atual do mundo. Em uma entrevista recente, Mujica afirmou que não acredita em Deus, considerando a vida como uma “aventura das moléculas”, onde o paraíso e o inferno coexistem na realidade cotidiana. Ele também se mostrou cético quanto à existência de algo além da morte, mas afirmou que espera estar errado quanto a isso.
Além disso, Mujica falou sobre a vitória eleitoral de Yamandú Orsi, seu afilhado político, que assumiu a presidência do Uruguai após a derrota do Partido Nacional. Apesar de sua participação na campanha, o ex-presidente destacou que a vitória não foi sua responsabilidade, desafiando a ideia de que sua figura tenha sido central para o triunfo. Ele também se posicionou criticamente sobre o crescimento de populismos de direita no cenário global, apontando como esses movimentos enfraquecem os partidos políticos tradicionais e as democracias, substituindo esforços coletivos por figuras individuais que prometem soluções rápidas.
Por fim, Mujica expressou sua crença de que o motor da história não é a política, mas o amor, que ele vê como a força fundamental que sustenta a vida. Para ele, a natureza criou a vida, mas o amor foi inventado para garantir sua continuidade, e sem ele, não haveria razão para viver. Em meio à sua saúde fragilizada e o olhar sobre o fim de sua jornada, o ex-presidente parece mais focado em questionamentos existenciais do que em soluções políticas imediatas, refletindo sobre a importância de aprender com os erros e garantir a rotação de poder nas democracias.