No último domingo (15), moradores de Latakia, cidade síria à beira do Mediterrâneo, visitaram uma das mansões de verão do presidente deposto Bashar al-Assad, expressando indignação diante do contraste entre o luxo do imóvel e as dificuldades vividas pela população local durante o regime. A residência, saqueada após a queda do regime, impressiona pela opulência, com pisos de mármore e mosaicos antigos. Para muitos, a visita foi um choque, especialmente após anos de privação, e alguns moradores, como Mudar Ghanem, relataram seu ressentimento pela ostentação enquanto a maioria da população lutava por necessidades básicas.
Além da opulência da residência, o relato dos visitantes também se concentrou no sentimento de revolta contra a violência e corrupção associadas ao governo Assad. Famílias locais expressaram sua raiva pela expulsão de suas propriedades, com algumas se dizendo dispostas a recorrer à justiça para reaver bens perdidos. A presença de combatentes rebeldes nas áreas próximas, incluindo o antigo local de uma milícia ligada ao regime, também gerou tensões. A casa saqueada de um dos parentes de Assad, que liderava uma milícia acusada de abusos, é vista como símbolo das práticas corruptas que marcaram o governo.
A descoberta de atividades criminosas associadas ao regime foi outro tema recorrente entre os locais. Em um dos imóveis, um advogado local encontrou documentos que evidenciam práticas de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, atividades que, segundo ele, estavam conectadas à família Assad. Além disso, houve relatos de uso de Latakia como ponto de distribuição de Captagon, uma droga sintética, além de outros indícios de crimes organizados. A população, ainda atordoada pelos últimos eventos, se mostra ciente do impacto do regime e de sua queda, mas também está determinada a buscar justiça, mesmo com o medo persistente das consequências de se opor ao antigo poder.