Moradores da Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo, têm enfrentado uma crescente pressão de construtoras desde as mudanças no Plano Diretor de 2023, que facilitaram a construção de empreendimentos imobiliários na região. Com a alteração de zoneamento, muitos quarteirões passaram a permitir a construção de edifícios de grande porte, o que despertou o interesse de empresas que buscam adquirir terrenos e imóveis na área. Para protestar contra o assédio, moradores têm colocado placas em frente às suas casas, declarando que seus imóveis não estão à venda. Porém, muitos relatam que estão sendo alvo de abordagens invasivas, incluindo ligações repetidas e tentativas de coagir os proprietários a venderem suas residências a preços abaixo do mercado.
Além das abordagens diretas, algumas construtoras têm espalhado boatos e usado táticas de intimidação, como ameaças de prejuízos estruturais durante as obras ou o isolamento social no caso de recusa. Casos de contatos excessivos, como ligações para familiares de moradores que se recusaram a vender, também têm sido mencionados. Em alguns relatos, empresas chegaram a tentar convencer parentes, incluindo aqueles que moram em outras cidades, a persuadir os proprietários a aceitar as ofertas. Esses comportamentos têm gerado tensões e desconfiança entre vizinhos, que, em muitos casos, estão divididos entre os que desejam vender e os que optam por resistir.
Em resposta a esse cenário, moradores se organizaram em várias ruas da Vila Mariana para criar um “manual de resistência”, com orientações sobre como lidar com a pressão das construtoras e evitar que a privacidade seja violada. Além disso, alguns grupos estão buscando apoio jurídico e ambiental para reverter as mudanças de zoneamento que permitiram a expansão imobiliária. A situação gerou um debate mais amplo sobre a falta de respaldo municipal para proteger os direitos dos moradores diante do crescimento desordenado da cidade e das práticas agressivas do setor imobiliário.