O professor Creso de Franco Peixoto, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolveu um modelo matemático para analisar o risco de acidentes em rodovias de serra, focando em trechos com descidas acentuadas e curvas perigosas. A pesquisa teve início após um grave acidente na Rodovia Mogi-Bertioga (SP-98), que resultou na morte de 18 pessoas em 2016. Com mais de 40 anos de experiência no projeto de rodovias, Peixoto investigou a relação entre a geometria das estradas e a ocorrência de acidentes, criando um modelo que leva em consideração tanto os traçados das vias quanto dados históricos de acidentes.
A partir dessa análise, Peixoto desenvolveu o conceito do “modelo arco-íris”, que busca integrar diversos elementos do traçado rodoviário, como raios de curvatura e declividades, de forma holística, para identificar pontos críticos de risco. O modelo desafia abordagens tradicionais que analisam esses elementos isoladamente, destacando que a interação entre eles pode ser crucial para a segurança viária. Com base nesse modelo, o engenheiro criou o Índice de Risco Viário (IRV), uma ferramenta que possibilita a classificação de trechos rodoviários com maior probabilidade de acidentes, levando em conta não apenas a geometria, mas também o comportamento do tráfego e a velocidade.
Peixoto também destaca a importância da análise integrada para que órgãos responsáveis por rodovias possam adotar medidas eficazes de segurança, como a redução de limites de velocidade em trechos de alto risco. Ele defende que, além de melhorias no projeto das rodovias, é essencial repensar o transporte público, com investimentos em sistemas ferroviários e soluções que visem a redução da mortalidade e dos acidentes nas vias rurais. A pesquisa, que já está sendo disponibilizada para entidades públicas e privadas, busca promover um sistema rodoviário mais seguro no Brasil.