A Assembleia Nacional da França se prepara para votar uma moção de censura contra o governo do primeiro-ministro Michel Barnier nesta quarta-feira (4), com previsão de aprovação. Barnier, que assumiu o cargo há menos de 100 dias, enfrenta forte oposição de grupos de esquerda e extrema direita, que somam quase 330 dos 577 deputados da câmara. A moção precisa do apoio de pelo menos 288 deputados para derrubar o governo, e a situação econômica tensa da França, marcada pela alta do risco da dívida, coloca ainda mais pressão sobre o governo.
A crise política na França se intensificou após a vitória da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu e a subsequente fragmentação da Assembleia Nacional, que resultou em um Parlamento sem uma maioria clara. Macron, embora com baixa popularidade, se mantém no poder, mas seu governo tem enfrentado dificuldades para conciliar interesses contraditórios entre a esquerda, centro-direita e extrema direita. A recente negociação sobre o orçamento de 2025, que inclui medidas de austeridade, foi o estopim para a moção de censura, após divergências entre os partidos.
Caso a moção seja aprovada, o governo de Barnier se tornará o mais curto da história da Quinta República Francesa. A queda de Barnier não afetaria diretamente o cargo de Emmanuel Macron, mas aprofundaria a crise política e econômica do país, que se vê em uma situação delicada com a dívida pública crescente e o déficit fiscal elevado. A perspectiva de uma nova eleição presidencial em 2027 já começa a influenciar o cenário político, com a oposição pedindo a renúncia de Macron, enquanto o presidente refuta essa ideia como uma “ficção política”.