O Ministério Público de São Paulo (MPSP) apresentou denúncia contra 16 pessoas, entre elas policiais militares e civis, envolvidos em uma organização criminosa responsável por extorsão e lavagem de dinheiro na região do Brás, no centro de São Paulo. A acusação aponta que o grupo formava uma milícia privada que exigia pagamentos de comerciantes ambulantes para permitir o exercício de suas atividades. A Operação Aurora, realizada em 16 de dezembro, identificou que policiais estavam cobrando propina de vendedores, muitos deles imigrantes, para autorizar a venda de mercadorias no maior centro de comércio popular do país.
A investigação do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) revelou que, além das extorsões, a milícia também estava ligada a práticas de lavagem de dinheiro, com a utilização de agiotas para financiar as atividades dos criminosos. Os vendedores, frequentemente sem acesso a crédito formal, recorriam aos agiotas, que por sua vez contavam com a proteção dos policiais para cobrar dívidas de forma violenta. Entre os denunciados, nove já estão em prisão preventiva, e o caso teve início a partir de um relatório da Corregedoria da Polícia Militar, que alertou sobre o envolvimento de policiais na cobrança de propinas.
Além de policiais militares, uma escrivã da Polícia Civil também foi implicada, com investigações apontando seu envolvimento em extorsões organizadas e intimidação de comerciantes. A operação desmantelou uma rede de crimes que afetava principalmente os ambulantes da região, destacando a complexidade da corrupção e a relação entre diferentes setores da segurança pública e o crime organizado. A acusação se baseia em quebras de sigilos bancário e fiscal de pessoas físicas e jurídicas, aprofundando as investigações sobre a rede de corrupção no local.