O Mercosul inicia sua 65ª cúpula em Montevidéu com um cenário de dificuldades comerciais entre Brasil e Argentina, as principais economias do bloco. A relação entre os dois países tem se deteriorado, com uma queda de 24,8% nas exportações brasileiras para a Argentina entre janeiro e outubro de 2024, em comparação com o ano anterior. A balança comercial brasileira com o país vizinho permanece positiva, mas registrou uma queda significativa, de 4,75 bilhões para 69 milhões de dólares no mesmo período. A embaixadora brasileira, Gisela Padovan, atribui essa queda ao ajuste fiscal implementado pelo governo argentino, o que, segundo ela, teve implicações negativas para o comércio bilateral.
A tensão entre os dois países também se reflete na postura do presidente argentino, Javier Milei, que tem criticado o Mercosul e chegou a ameaçar retirar a Argentina do bloco. Ele defende acordos comerciais individuais com outros países fora do Mercosul. No entanto, o avanço das negociações para o acordo de livre comércio com a União Europeia tem mantido o país dentro do bloco, apesar das divergências. A cúpula do Mercosul, que ocorre nesta semana, será a primeira em que Milei participará após sua eleição, já que no ano passado ele optou por não comparecer ao evento e se reuniu com líderes da direita em outro fórum.
Apesar das dificuldades, o Mercosul ainda busca avançar no acordo com a União Europeia, com os quatro membros fundadores do bloco alinhados em relação aos termos do tratado. Embora as relações internas estejam tensas, os países esperam que a União Europeia aceite os termos finais das negociações. No entanto, os desafios comerciais e a falta de um esforço conjunto para resolver problemas podem dificultar o fortalecimento do bloco e a ampliação do comércio dentro da região.